Abandono alucinado


lembro-me de todos os teus quadros

e, de tanto os amar

já sou, eu própria, um traço

um contorno vermelho, azul ou branco

uma sombra ou uma entrada de luz

ou a mão

que pede o teu braço

e segue contigo

(Bia)






A Razão do Poeta




Páginas soltas





ROSA DOS VENTOS
(Almada Negreiros)

Não foi por acaso que o meu sangue que veio do Sul
Se cruzou com o meu sangue que veio do Norte
Não foi por acaso que o meu sangue que veio do Oriente
Se cruzou com o meu sangue que veio do Ocidente

Não foi por acaso nada de quem sou agora.

Em mim se cruzaram finalmente todos os lados da Terra
A Natureza e o Tempo me valeram séculos e séculos
Ansiosos por este resultado um dia
E até hoje fui sempre futuro.
Faço hoje a cidade do Antigo
E agora nasço novo como ao Princípio:
Foi a Natureza que me guardou a semente
Apesar das épocas e gerações.


Cheguei ao fim da continuidade
E agora sou o que até ao fim fui desejo.


O Centro do Mundo já não é no meio da Terra
Vai por onde anda a Rosa dos Ventos
Vai por onde ela vai
Anda por onde ela anda.

Agora chego a cada instante pela primeira vez à Vida
Já não sou um caso pessoal
Mas sim a própria Pessoa.




A alma do Argonauta



4 comentários:

Eurico Moura disse...

Sempre fascinado pela tua criatividade, segui o teu trajecto de pesquisa, pontuado pelas longas e saborosas conversas sobre a essência das coisas e pelas viagens primeiras do Clavadel, que estão sob a pele dos teus quadros. Guardarei a "Alma do Argonauta" como uma parte dessa vivência.

Rui Couto disse...

bom trabalho amigo

Maria Azenha disse...

Vivências iluminadas pelo(s) Mestre(s).

Pax

ÍSIS disse...

apreciei os seus quadros e partilhei este no mural do mau facebook. Espero não estar a cometer alguma ilegalidade, nesse sentido aqui deixo o meu pedido tardio de desculpa por não te tido esse cuidado antes.
grata e bem haja pelo seu trabalho
esmeralda